OS MAIORES CONSELHOS QUE EU DARIA A QUALQUER NOVO VIAJANTE

Viajar pela primeira vez pode ser a causa de um dos maiores frios na barriga que você jamais vai sentir. Quando eu viajei sozinha pela primeira vez eu fui tomada por uma avalanche de sentimentos – medo, agitação, entusiasmo. Eu não sabia o que esperar (nem o que estava me esperando!).

Se eu pudesse voltar no tempo, estas são as coisas que eu diria a mim mesma, e acredite, eu gostaria que alguém as tivesse dito a mim antes de eu partir para minha viagem!

NÃO TENHA MEDO

Uma das emoções mais fortes para quem está prestes a fazer sua primeira viagem é o medo. Medo de perder o avião, medo de se perder, medo de não conseguir se comunicar, medo de ficar sozinho, medo de ficar com saudades de casa… Mas acredite, você vai estar tão ocupado com tantas coisas novas ao seu redor, que você não vai ter nem tempo de se lembrar dos seus medos!

E lembre-se: você não é a primeira pessoa a viajar o mundo! Você não irá desbravar territórios desconhecidos pela raça humana, há uma longa lista de pessoas que já seguiram este caminho antes de você. E se todos conseguiram, você também consegue.

Você pode se sentir um pouco ancioso, mas você é tão capaz quanto todos os outros!

CONFIE

Este é um dos meus maiores conselhos. Confie. Confie em você mesmo, confie nos seus instintos, confie nas forças maiores.  Existe alguma mágica na confiança que faz com que tudo dê certo no seu caminho, e que nele você só encontre pessoas boas.

Quanto mais você confiar que vai dar tudo certo, mais tudo dará certo. Quanto mais você confiar que você está seguro e protegido, mais seguro e protegido você estará. Tenha sempre um pensamento positivo e você só atrairá coisas boas para sua viagem!

DIGA SIM

Outra palavra mágica que vai transformar sua viagem (e que vale também para outros aspectos da vida) é o SIM. Todas as vivências e experiências mais interessantes, emocionantes e transformadoras que eu tive viajando, se deram porque eu disse SIM. Aos pés da montanha do templo de Fushimi Inari em Kyoto, um jovem mochileiro israelense me perguntou se eu gostaria de subir a trilha com uma companhia; eu disse sim, e acabamos passando o dia inteiro juntos engajados em uma das conversas mais reveladoras da minha vida. Na Amazônia, uma índia me convidou para pescar piranhas com ela às 4:30 da manhã; eu disse sim, e acabei descobrindo como os índios pescam: em uma jangada de madeira, meia cheia de água, com algumas 50 piranhas se dabatendo aos seus pés!

Desafie também os seus medos. Diga sim para a trilha na caverna escura, ou para o convite de pular de bungee jumping. É sempre melhor se arrepender de algo que você fez, do que de algo que não fez!

VAI NO FLUXO

Planejar sua viagem é importante, mas não encaixe cada minuto do seu dia no seu roteiro. Planeje os pontos principais que você deseja ver, e deixe o resto do dia seguir “conforme a música”. Deixe espaços para as oportunidades de coisas extraodionárias para as quais você poderá falar SIM!

Ir no fluxo significa estar aberto à essas oportunidades. Às vezes, compartilhar seu almoço em um parque com pessoas locais, irá te ensinar mais sobre a cultura local do país do que aquele tour agendado que você pagou um pouco mais do que devia.

NÃO VIAJE ATRAVÉS DA TELA DO SEU CELULAR

Quando se está em um novo país onde tudo é novidade, dá vontade de tirar foto de tudo a todo momento. Tirar fotos é muito bom, eu mesma tiro milhares, porém, antes de tirar o celular do bolso e tirar um selfie naquela cachoeira ou no mercado de temperos na Índia, pare um minuto. Respire fundo, escute os sons à sua volta, os cheiros, admire a paisagem, converse com pessoas ao seu redor. A cachoeira e o mercado não vão a nenhum lugar. Depois de se assimilar os seus arredores, e se apaixonar pelo lugar, sua foto irá ser muito mais significativa, e o lugar muito mais memorável para você.

NÃO TENHA PRESSA

A maior diferença entre um turista e um viajante, é que o turista visita lugares, o viajante vive o país. Uma vez conversando com uma pessoa que encontrei em uma festa, ela me disse que havia conhecido a Europa inteira. Inglaterra, França, Espanha, Itália… Quando eu perguntei de qual país ela havia gostado mais, ela me respondeu: “menina nem me lembro mais onde era onde, passava 2 dias em cada capital e já seguia para o próximo!”. Será que passar 2 dias em Londres se pode dizer que você conheceu a Inglaterra? Certamente que não! É como passar 2 dias em São Paulo e dizer que conheceu o Brasil.

Quando eu vou viajar, eu separo no mínimo 2 semanas para um país. No mínimo! O tempo ideal de uma viagem é de um a três meses, se você quer realmente conhecer um país, sua culinária, sua cultura, etc. Porém nem todo mundo consegue disponibilizar este tempo todo longe de casa/trabalho/família, então meu conselho é: Conheça um país de cada vez. É muito mais rica a experiência de conhecer um país a fundo, do que vários superficialmente. E quanto mais tempo você puder passar neste país, melhor! Você fará mais amigos, experimentará mais coisas, ficará mais tranquilo de “seguir no fluxo”, e terá mais tempo para encontrar aquelas oportunidades para falar SIM!

NÃO TOME O GUIA POR LEI

Guias turísticos e pesquisas no google antes de ir viajar ajudam muito no planejamento geral, e te garantem os principais pontos do país. Porém, às vezes aquela capelinha escondida na esquina com um jardim de rosas no fundo pode ser mais especial do que a Capela Sistina, onde você ficará por algumas horas na fila debaixo do sol antes de ser ordenhado apressadamente para dentro e ser mandado embora antes que o próximo grupo de turistas chegue. Quando chegar na cidade, pergunte a pessoas locais – o garçom do restaurante, a recepcionista do hotel, o motorista do táxi – onde que eles gostam de ir aos finais de semana. Os lugares que eles irão te indicar com certeza serão muito mais incríveis, ou no mínimo muito menos lotados, do que os pontos turísticos do seu guia.

Numa viagem com minha família para a Itália, estávamos cansados de tanta muvuca, e perguntamos justamente ao recepcionista do nosso hotel onde ele levava sua família para passear. Ele nos deu um roteiro completo dos costumes romanos: Pegue esta estrada, pare neste restaurante e coma esta pasta, continue por este caminho, e conheça os trabalhos manuais desta vila, depois tome um gelato nesta sorveteria, e por fim mergulhe neste lago vulcânico cristalino de águas mornas, assista ao pôr do sol desta colina… Nenhum ônibus turístico teria jamais nos levado por rota melhor do que esta!

VIAJE LEVE

Não leve tudo na mala. É muito mais provável que você se arrependa de ter trazido muita coisa, do que de ter deixado algo para trás. Se você sentir falta de algo específico, você pode comprar no caminho. Às vezes acontece de você só ter levado um par de tênis, mas está fazendo mais calor do que você imaginava e você se vê na necessidade de comprar um chinelo ou uma sandália. Só levou 2 pares de brincos e quer variar? Compre mais um brinco na feirinha de artesanato local!

Deixe sempre também um espacinho na mala para algo irresistível que você queira comprar de lembrança. Os souveniers típicos de um viajante normalmente incluem coisas pequenas e leves, como cartões postais, ímãs de geladeira ou bottons, mas vai que você se depara com a manta indiana mais linda que você já viu na vida e não consegue se ver vivendo sem ela? Eu sempre tenho um espaço “emergência” para coisas assim na minha mochila!

LEVE UM DINHEIRO EXTRA (MAS NÃO EXAGERE!)

Este é um erro típico de um marinheiro de primeira viagem. Tem dois tipos de pessoas, os que levam o dinheiro contado aos centavos, e os que carregam no bolso alguns milhares de dólares a mais do que o necessário! O fato é que ter um dinheiro de emergência é essencial para sua segurança e paz de espírito. O ideal é carregar um pouco de dinheiro na mão, e ter suas reservas em um cartão de débito ou crédito internacional, assim você não corre o risco de perder seu dinheiro. Eu gosto de chegar no país com o equivalente a pelo menos $200 em dinheiro (para emergências tipo táxi, etc, ou para lugares que não aceitem cartão), até que eu localize caixas eletrônicos e me familiarize com o país. Claro que a cada transação de cartão você é cobrado uma taxa, então dependendo da sua situação financeira você pode levar mais cash e economizar nessas transações, porém leve em consideração o risco desse dinheiro se perder/molhar/ser roubado. Além desse dinheiro em mão, também guardo pelo menos $1000 além do meu budget para qualquer emergência mais séria (ex. quebrei a perna e não consigo falar com o meu seguro), ou tenho alguém com quem eu possa contar 24h.

NÃO SEJA TÍMIDO

Se você é tímido por natureza, começar uma conversa com um estranho pode ser a coisa mais difícil de se fazer. Porém, uma das partes mais especiais de uma viagem são as pessoas que você conhece pelo caminho. Eu te encorajo ao máximo a se arriscar e colocar toda sua coragem e energia nesta árdua tarefa! Um simples “olá” já é o suficiente para te colocar no caminho certo. Um “Hello, I’m from Brazil” então te leva muito longe! A comunicação te ajudará muito na viagem, seja para conversar com pessoas locais e descobrir histórias, costumes ou lugares legais para se visitar, ou conhecer outros viajantes no seu albergue e combinar de sair ou fazer passeios juntos. Você aproveitará muito mais a sua viagem e conhecerá muitas pessoas e histórias incríveis no seu caminho.

VOCÊ NÃO ESTÁ PRESO AO SEU ROTEIRO OU À SUA VIAGEM

Sua viagem deve ser algo que você curta, e você deve se sentir bem viajando. Se você está muito cansado, risque as atrações daquele dia da lista e descanse, vá dormir na praia ou tire o dia para tomar sorvete na praça. Se você não está gostando daquele lugar, ou não está se sentindo confortável, siga para outra cidade, ou volte para casa. Não tem problema nenhum, você não será um fracassado ou alguém que não termina o que começa. Você simplesmente não estava curtindo este lugar, não quer dizer que você não vá curtir outros!

Quando eu fui para o Japão, passei praticamente os primeiros 15 dias (dos 3 meses que fiquei lá) de cama com virose. No final da primeira semana eu estava quase decidida a voltar para casa, não fosse a preguiça e falta de energia para fazer a jornada de 36 horas de volta para o Brasil! Decidi melhorar lá mesmo, mas se eu estivesse mais perto de casa, com certeza teria pegado um vôo de volta, e deixar aquele destino para a próxima vez!

VOCÊ NÃO ESTARÁ SOZINHO

Um dos maiores receios de quem está planejando viajar sozinho é justamente este, ficar sozinho. Eu te garanto, a última coisa que irá te acontecer é você ficar sozinho! Principalmente se você estiver dormindo em lugares como Couchsurfing e albergues. Quando se está sozinho, você fica muito mais aberto para qualquer oportunidade de encontro e amizades. Muitas pessoas irão cruzar o seu caminho, e muitos estranhos irão se tornar amigos para toda a vida. Sempre que viajo sozinha, tenho que recusar convites ou ativamente escolher ficar a sós comigo mesmo quando preciso de um tempo só para mim! Já passei também 2 aniversários na estrada, e foram com certeza os melhores aniversários que já tive, cheio de pessoas que, num minuto eram estranhos, e no minuto seguinte melhores amigos! (Repare nas velinhas dos bolinhos na foto abaixo. Foi meu aniversário de 25 que passei no Japão!).

TENHA CONTATOS DE EMERGÊNCIA

Este conselho é um que você não pode deixar de seguir. Não importa o quão experiente você é, o quão responsável ou maduro, você SEMPRE deve ter um contato de emergência, alguém com quem você saiba que você pode contar a qualquer hora, 24h. Isso significa que você tem um combinado com essa pessoa (pode ser seu pai, sua tia, seu melhor amigo) que ela nunca irá dormir com o celular desligado, aceitará chamadas internacionais e a cobrar, e que ela estará disposta a parar tudo e te ajudar em qualquer caso de emergência. Escolha alguém proativo, esperto e com presença de espírito.

Outro contato de emergência legal de se ter, principalmente quando se viaja para fora, é alguém com quem você pode contar dentro do próprio país de destino. Algum amigo, ou amigo de amigo, para quem você possa ligar facilmente de qualquer orelhão (ou de qualquer celular emprestado) e esta pessoa faz então a ponte com o seu contato de casa. Esta pessoa pode também te ajudar a traduzir alguma situação difícil ou mal entendido que você possa ter se enfiado. Amigos meus de emergência já me ajudaram muito nas minhas viagens, desde passar na alfândega, até comprar passagem de ônibus por telefone.

TENHA UM CONTATO DE “CHECK IN”

Este serve para pessoas que tem pais muito preocupados, como é o meu caso, e também para sua maior segurança. Acho que minha mãe nunca teria me deixado ir a todos os lugares que eu fui se eu não tivesse o “Acordo do Check In” e a “Ficha da Paz” combinados com ela.

O Acordo do Check In é um acordo onde um eu mando uma mensagem a cada “ponto de check in” da minha jornada (check points). Pontos principais incluem sempre: Pousei no aeroporto, Cheguei na hospedagem, Cheguei na cidade X, Estou embarcando, Estou em casa. Estas mensagens deixam minha mãe tranquila de que eu estou segura depois de cada traslado e no final de cada dia.

A Ficha da Paz é em casos de mochilão extremo, onde você está sempre pulando de um lugar para o outro, muitas vezes de carona ou transporte público, e ficando em um lugar diferente a cada dia. Isso pode deixar seus pais malucos. Para isso, o combinado pode ser um “Boa noite” toda noite, e quando você for mudar de cidade, a seguinte ficha: 1) Saio daqui às … 2) Vou para a cidade … 3) Vou de … (carona, ônibus, etc) 4) Chego lá às … 5) Vou ficar em … (nome da pessoa seguido do contato dela/nome do albergue).

Seu contato de Check In não precisa ser necessariamente a pessoa preocupada com você, se você não quiser por exemplo ficar falando com seus familiares durante a viagem toda. Pode ser um amigo ou um tio, e a mensagem ser bem prática. Simplesmente um “cheguei” ou um “boa noite” seguido da Ficha da Paz. Isso já ajuda a manter todos mais calmos e pode também fazer com que você se sinta mais seguro sabendo que tem alguém que vai sempre saber onde você está.

NÃO DEIXE QUE OUTRAS PESSOAS TE DESANIMEM

Se você está indo viajar pela primeira vez você provavelmente está ancioso, preocupado e muitas vezes se pegando em uma mistura de alegria com “mas no que é que estou me metendo?”. A pior coisa que te pode acontecer é alguém vir e te expressar em voz alta todos seus medos e anseios que você mesmo estava pensando, te convencendo de que você não é capaz de conseguir isso sozinho, te dizendo o quão perigoso tudo pode ser, e fazendo você esquecer completamente o porque você decidiu ir viajar, fazendo você esquecer do seu sonho.

Calma. A primeira reação de muitas pessoas é de negatividade porque elas mesmas gostariam de estar em seu lugar. Gostariam e MUITO. Estas pessoas normalmente são as que PODEM estar em seu lugar, as que tem saúde e condições de fazer a mesma coisa que você, mas estão ainda presas à mentalidade de que viajar é caro, perigoso ou para poucos. Por isso, tenha compaixão delas, deseje mentalmente que um dia elas também tenham coragem de ir ao encontro com o mundo ou de seguir seus sonhos, deixe que toda a negatividade entre por um ouvido e saia pelo outro, sorria e mude rapidamente de assunto para um assunto feliz. Funciona 100% das vezes! 🙂

Viajar pela primeira vez é como passar por um portal. Você atravessa, e vê que o mundo é muito maior, mais colorido, mais bondoso, mais generoso, mais intrigante e muito mais incrível do que você imaginava ser. Não espere que te contem, vá e veja tudo isso com seus próprios pés!

“Viajantes viajam 3 vezes: quando sonham, quando viajam, e quando relembram” 

 

Boa viagem! 🙂 ✈️

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