Existem 2 tipos de pessoas que viajam: turistas e viajantes. Para os que não entendem do assunto, não sabem que existe diferença entre um e outro, porém existe sim, e MUITA!
Não estou dizendo que turistas são assim como almas amaldiçoadas do abismo. Todos nós (incluindo eu) já fomos ou seremos turistas algum dia. Existem viagens que são inevitáveis você não fazer um pouco de turistagem, principalmente quando o tempo é curto ou quando se viaja com a família. Contudo, por experiência própria (e de observação), posso dizer que existem diferenças primordiais entre a experiência de viagem de um turista e de um viajante. Eu pessoalmente prefiro viajar como viajante, pois assim acredito que consigo aproveitar e compreender muito mais um país, seu povo, seus costumes e sua cultura, simplesmente por viver mais de perto, com mais calma e mais abertamente o que aquele país tem a me oferecer.
Para você entender melhor o que eu digo, aqui estão as 15 principais diferenças entre um turista e um viajante:
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TURISTAS visitam somente os principais pontos turísticos. VIAJANTES exploram a cultura local.
Se um turista vai à Londres, ele com certeza irá passar pelo Big Ben, London Bridge, e dará uma espiada na troca da guarda no Buckingham Palace. Se um viajante vai à Londres, ele também fará essas coisas, porém além disso ele não irá deixar de explorar as pérolas que você encontra no Portobello Road Market, comer um sanduiche na calçada assistindo os shows de rua do Covent Garden, ou então tomar um bom Ale (típica cerveja inglesa) no pub Ye Olde Mitre, num beco atrás da Holborn street, onde só os Londrinos acham!
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TURISTA viaja em grupo ou em família. VIAJANTE prefere viajar sozinho ou em dupla.
Em um grupo você tem que fazer o que o grupo quer, ir onde o grupo vai, e comer onde o grupo come. Você não tem liberdade nenhuma de escolha. Além disso, um grupo de turistas é praticamente uma placa gigante que pisca dizendo: sou turista, cobrem de mim o que quiser, me apontem somente as atrações principais e os restaurantes mais caros, e não ouse falar comigo em outra língua que não seja inglês! Um viajante sozinho ou em dois se passa desapercebido, se enfia em pequenos bares, vielas e caronas, pode ir onde quiser quando quiser, descansar até mais tarde ou aproveitar uma horinha a mais na praça sentado ao lado da fonte. E ainda um bônus: o viajante consegue qualquer coisa pela metade do preço (ou muitas vezes de graça!) apenas se aperfeiçoando na arte de fazer cara de mochileiro duro!
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TURISTA se alimenta de comidas familiares ao seu paladar. VIAJANTES experimentam a comida típica local.
Turistas geralmente não fazem muita questão de experimentar aquelas comidas estranhas com nomes diferentes. Comem o que e onde estão acostumados a comer: pizza, McDonald’s, Subway, entre outros. Um viajante sabe que a comida é a porta de entrada para a cultura local, e procuram comer onde as pessoas locais comem.
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TURISTAS compram vários souveniers caros e presentes para toda a família. VIAJANTES levam de lembrança pequenos presentes que ganham ao longo do caminho.
Turistas tendem a ir em mercados de artesanato destinados a turistas e compram o primeiro souvenier (acima do preço) que encontram. Viajantes normalmente não tem muito dinheiro nem muito espaço na mochila, portanto podem até visitar o mercado para conhecer os artesatos locais, mas não compram nada. O que acontece é que, por fazerem muita amizade e estarem muito em contato com o povo local, acabam ganhando lembranças que cabem no bolso e que são de coração, as quais acabam sendo muito mais especiais e que levam muito carinho e saudade.
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TURISTAS falam somente na sua própria língua. VIAJANTES se esforçam em aprender a língua do país.
Como turistas estão na maioria das vezes em grupo, entram em sua zona de conforto de falar somente na sua própria língua, e não sentem nem a necessidade, nem a vontade de aprender a língua do país. Viajantes pelo contrário, além da vontade de aprender a língua nativa (o que possibilita muito mais conversar com os nativos!), como estão na maioria das vezes sozinhos sem guias para traduzir, acabam tendo que aprender pelo menos o básico para conseguir se virar dentro do país. Além disso, estão quase sempre rodeados de pessoas locais, o que significa que estão 24h imersos na língua, e o aprendizado vêm quase que automaticamente. Quando você menos espera, está entendendo tudo que aquele tailandês está falando para você!
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TURISTA parece turista e se destaca na multidão. VIAJANTES tentam se misturar com os nativos e se adaptar à cultura local.
Pochete, sandalha com meia, chapéu, óculos escuro e pau de selfie. É a imagem típica de um turista, que muitas vezes atrai uma atenção negativa apresentando comportamentos não adequados à cultura local. Um viajante faz parecer que sabe onde está indo (mesmo quando está perdido), conversando com os nativos na língua nativa, e se esforça em aprender e se adaptar às normas da cultura local.
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TURISTAS contam somente com guias turísticos. VIAJANTES contam com as dicas de moradores locais.
Se você um dia visitar o Templo Dourado de Kyoto, presente em todos os guias turísticos do Japão, você irá se deparar com uma multidão de turistas muito envolvidos com suas câmeras e paus de selfie. Porém, se você perguntar ao mocinho da vendinha logo na saída do templo, ele vai te indicar um outro templo bem pertinho, muito mais interessante, onde se você bate palmas, os enormes dragões pintados no teto “rugem” de volta para você. É isso que viajantes fazem, são procuradores e exploradores dos lugares “secretos” os quais só os moradores conhecem, muitas vezes muito mais bonitos e interessantes do que a maioria das atrações principais!
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TURISTAS tem medo de se perder. Para VIAJANTES, as coisas mais incríveis acontecem quando estão perdidos.
O maior trauma para um turista é se separar do grupo. Deus o salve se ele se perder! Provavelmente irá pegar o primeiro táxi que ver e voltar direto para o hotel para esperar o retorno do resto do grupo mais tarde. Já para o viajante, nem todos que vagam estão perdidos, mas todos que se perdem ficam vagando por lugares que jamais encontrariam se estivessem achados, muitas vezes rendendo os melhores encontros e histórias de viagem.
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TURISTAS planejam por completo cada minuto de sua viagem. VIAJANTES confiam e deixam com que as coisas sigam no fluxo.
A coisa mais comum é ver um turista com a programação do dia literalmente minuto a minuto: “das 8:30 às 9h café no hotel, das 9 às 9:30h ver a fonte de Trevi, às 9:45 ônibus para o coliseu…”. E se você chega na fonte de Trevi e tem um grupo de italianos ensaiando um concerto ao ar livre, oferecendo gelatos grátis a todos que estiverem assistindo? Um turista seguiria com o cronograma sem fazer alterações. Já o viajante nesta situação com certeza se aproximaria e começaria a conversar com um dos violinistas do concerto, e deixaria o resto fluir como se deve. Ele provavelmente descobriria que aquele violinista na verdade trabalha no coliseu, e te oferece um tour exclusivo, seguido por um jantar junto com a banda em um restaurante romano, onde você teria tudo pago e ainda arrumaria alguém para te mostrar a cidade no dia seguinte! Quem já teve a experiência de viajar no fluxo, sabe que as coisas acontecem exatamente assim! Um viajante não programa nem a hora de sair do hostel (afinal e se você encontra com uma turma indo passar o dia em um cruzeiro e te convidam para ir de graça?).
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TURISTAS visitam somente as grandes cidades. VIAJANTES exploram os vilarejos e lugares fora da rota turística.
O turista vai para a Inglaterra e visita Londres e Liverpool. Um viajante visita Brighton, a cidade mais alternativa da Inglaterra; visita Bristol, a cidade mais verde da Europa; visita Hartfield, a vila onde fica a floresta do Ursinho Pooh; visita Glastonbury, a cidade das bruxas; e visita Cornwall, a cidade das Brumas de Avalon onde nasceu o Rei Artur.
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TURISTAS adoram feriados (pois é quando podem viajar). VIAJANTES odeiam feriados (pois é quando enche de turista).
Se é para viajar, um viajante vai sempre (quando pode) evitar os feriados, pois é quando as atrações ficam lotadas com filas de turistas, as coisas dobram de preço e o transporte público fica mais limitado. Quando estou fazendo uma viagem longa e pego um feriado, eu tiro esse dia para descansar e ficar em casa, escrever no meu diário, colocar as fotos em dia, e outras coisas assim!
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TURISTAS escutam sobre a cultura do país através de guias ou audio-guides. VIAJANTES vivem a cultura do país junto com pessoas locais.
Quando se visita um museu, é comum ter disponível aqueles fones de ouvido com uma voz que vai explicando o ano que foi pintado aquele quadro, o nome completo do artista, as tintas e técnicas usadas… Tudo isso é legal de saber, mas eu gosto muito também de perguntar aos guardinhas do museu qual o quadro favorito deles e porque, e o que eles sabem sobre aquele artista local que os outros guias não contam. Se você quiser saber a história da cidade que você está visitando, ao invés de contratar um guia, pergunte aos vendedores de rua, principalmente aos mais velhos, e você receberá uma aula de história como nenhuma outra! Fique hospedado na casa de um nativo, vá jantar ou tomar um drink com alguém local.
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TURISTAS não conhecem ninguém fora do seu grupo turístico. VIAJANTES conversam e fazem amizade com o vendedor da barraquinha, o bartender, a velhinha da varanda, o gondoleiro, a pessoa da carona…
Isso é puramente verdade. Viajantes sabem que uma boa parte da viagem está em conversar com as pessoas locais, ouvir histórias, pegar dicas, praticar a língua, compartilhar da comida, e aprender sobre a cultura, folclores, gestos, gírias e trejeitos locais.
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TURISTAS ficam com saudades do lugar. VIAJANTES ficam com saudades do lugar e das pessoas que foram deixando para trás.
É claro. Turistas só visitam a atração principal e vão embora. O viajante conversou com todas estas pessoas do ponto acima, foi jantar com a banda de italianos da fonte de Trevi, ficou hospedado na casa de quem o recebeu de bom coração, ganhou presentes do vendedor com quem fez amizade… O viajante cruza o caminho de muitas pessoas, e muitas pessoas acabam cruzando o seu caminho, e por isso, sua experiência é muito mais rica, e sua saudade muito maior!
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TURISTAS saem de férias. VIAJANTES viajam.
Turistas encaram a viagem como um meio de relaxar da sua vida cotidiana. Viajantes consideram a viagem como uma jornada, onde o mais importante não é só visitar aqueles lugares famosos, mas sim descobrir coisas sobre aquele lugar que você não conhecia antes, ter novas experiências, novas perspectivas e novos ensinamentos.
Para os turistas, não quer dizer que eles não gostem de estar alí, ou que encaram tudo de maneira superficial. Pelo contrário, muitos turistas curtem muito conhecer lugares e culturas diferentes, e por isso viajam tanto. Porém, às vezes muita gente não sabe que aquele lugar tem muuuito mais a oferecer se você der apenas um pequeno passo fora da comodidade e conformidade turística, e é neste pequeno passo que um turista passa a se tornar um viajante.
Ser um viajante significa estar em um estado de espírito totalmente confiante de que tudo vai dar certo, ter uma abertura de alma e disposição em sair de sua zona de conforto e realmente viver tudo que a viagem tem para lhe oferecer e lhe ensinar. É ter os olhos e o coração abertos para aprender com cada situação em que ele se encontra, e com cada pessoa que cruza seu caminho. Por isso que para viajantes, a viagem é mais uma jornada de auto-desenvolvimento, de testar seus próprios limites, crenças, e capacidades… Uma jornada de conhecer o mundo e ao mesmo tempo poder conhecer a si mesmo.
Boa Jornada! 🙂 ✈️