Um dos maiores custos fixos de uma viagem é a acomodação. E infelizmente é precisamente este custo que inviabiliza a viagem dos sonhos de muita gente. Você consegue até juntar dinheiro suficiente para as passagens, e não se importa de dar uma economizada na comida enquanto viaja, mas o hotel parece ser um custo sem escapatória… afinal, você tem que dormir em algum lugar, e acampar não é algo que agrada a todos. Mas gastar R$100, R$200, até R$500 por noite (isto nos hotéis mais em conta!) é fora da realidade de muitos brasileiros, e torna simplesmente impossível aquele sonho de viajar para fora do país.
E se houvesse um meio de você viajar pagando NADA ou quase nada pela hospedagem?
Eu ouvi acomodação barata? Hospedagem de graça? Parece muito bom para ser verdade…
Pois eu te digo que isto É POSSÍVEL! Eu sei porque venho viajando dessa maneira há anos, e é isso que me possibilita rodar o mundo, gastando ZERO de hospedagem.
Vou mostrar a você 8 MANEIRAS para ficar hospedado de graça (ou pagando muito pouco! ) em qualquer lugar do mundo!
1) Couchsurfing
Couchsurfing é simplismente a coisa mais maravilhosa que pode existir na vida de um viajante, por isso ele está aqui no topo da lista. É de longe minha maneira favorita de encontrar um lugar para me hospedar, e se me oferecessem um hotel 5 estrelas para ficar de graça, eu escolheria ficar de couchsurfing (de verdade!).
Como funciona: Couchsurfing é uma plataforma online onde pessoas do mundo inteiro se cadastram para receber pessoas em suas casas, ou se hospedar nas casas de outras pessoas. Isso tudo de graça. Mas como assim? O Couchsurfing segue uma filosofia de “troca de culturas”, tanto para quem recebe, quanto para quem se hospeda. Quem abre sua casa para receber viajantes normalmente gosta de conhecer pessoas de culturas diferentes, ouvir histórias, aprender novas línguas ou uma culinária diferente. Portanto, é um prazer para o dono da casa receber um viajante em seu lar. Em contra partida, quem se hospeda (o viajante), “paga” sua hospedagem compartilhando de sua cultura. Isso significa simplesmente conversar sobre seu país, sua cultura, sua comida favorita, contar sobre o folclore ou festas de sua região, contar do seu time de futebol, etc. Ou se você tem algum talento, você pode compartilhar isso também. Dança salsa? Sabe cozinhar? Sabe cantar ou tocar um instrumento? Qualquer coisa é bem vinda para quem te recebe! Eu quando fico hospedada em couchsurfing normalmente ensino um passinho de samba, mostro um pouco de capoeira, e quando tem leite condensado eu faço um brigadeiro!
E dorme no sofá mesmo? Nem sempre. Apesar de eu ja ter dormido em alguns sofás, anfitriões (chamados de “hosts”) normalmente tem um colchão extra (ou às vezes até um quarto extra!) para viajantes, e a maioria recebe duas ou mais pessoas. Você pode sempre usar o banheiro e o chuveiro, e geralmente também a máquina de lavar roupa, secadora, etc. A única coisa que não é “inclusa” no combinado é a comida. Você tem que comprar sua própria comida. Porém anfitriões na maioria das vezes deixam você usar a cozinha para cozinhar, o que diminue bem o custo da alimentação, não tendo que comer fora todo dia.
Mas esse Couchsurfing é seguro? SIM!
Couchsurfing é uma comunidade super do bem, e o site funciona através de um sistema de verificação dos membros e de referências tanto de quem recebe quanto de quem se hospeda, assim os dois lados se sentem seguros. Quando eu escolho meus anfitriões, eu fico atenta a duas coisas principais: 1) se o anfitrião é verificado, 2) se o anfitrião tem boas referências (no mínimo duas, e de prefência alguma escrita por uma menina que já tenha se hospedado com ele). Outra coisa importante de se dizer é que você NÃO é obrigado a receber alguém na sua casa para poder se hospedar na casa de alguém.
E porque eu trocaria um hotel 5 estrelas por ficar na casa de um estranho? Simples. Esta é a melhor maneira de realmente conhecer de perto a cultura do país que você está visitando. Quem te recebe normalmente separa um tempo para te levar para passear em lugares incríveis fora da rota tradicional turística, ou em restaurantes e bares locais. Às vezes podem até cozinhar para você uma comida tradicional do país, e claro podem também te ensinar muito sobre a língua e cultura do país. Eu te garanto que você vai vivenciar coisas realmente extraordinárias se hospedando desta maneira. Eu já fui levada para abençoar sementes de arroz em um templo no Japão, já velejei por alcatraz e Golden Gate Bridge em São Francisco, tive meu primeiro passeio de moto em uma Harley-Davidson no Vale do Silício, tudo isso com queridos anfitriões de Couchsurfing. São experiências que vão enriquecer sua viagem e sua alma!
Este é o link do site para você se cadastrar: https://www.couchsurfing.com/
2) Airbnb
Para quem não conhece, o Airbnb é uma plataforma online que possibilita você ficar hospedado na casa de pessoas ao redor do mundo, pagando uma pequena taxa diária (uma média entre R$20 e R$90 os mais baratos, apesar de também haver alguns Airbnb’s de “luxo” mais caros). Alguns oferecem café da manhã incluso, mas nem sempre. Apesar de pago, Airbnb é uma opção muito legal por ser parecido com o Couchsurfing em termos de você poder ficar inserido dentro da cultura local, apesar dessa troca de cultura não ser um “requisito” igual ao Couchsurfing. No Airbnb você sempre terá um quarto privado e um certo nível de conforto (você nunca dormirá num sofá por exemplo!). Por fim, mesmo que o Airbnb seja um esquema mais “profissional”, as pessoas normalmente são muito abertas e cordiais, respeitando sua privacidade mas geralmente disponíveis para responder algumas perguntas sobre cultura e pontos turísticos locais.
Este é o site da Airbnb: https://www.airbnb.com/
3) Hostel (Albergue)
Hostels, ou albergues em português, são uma espécie de “hotel comunitário”. A idéia é você pagar por “cama”, ao invés de por quarto como em um hotel comum. Isto significa que você divide seu quarto com outras pessoas. O número de camas em um quarto varia de 2 a 30, dependendo do hostel, e o preço varia em média de R$20 a R$70 por cama por noite. A maioria dos hostels dá a opção de quartos separados para homens e mulheres (uma boa especialmente para mulheres viajando sozinhas), e a opção de quartos “mistos”, onde dormem homens e mulheres no mesmo quarto (uma boa se você está viajando de casal ou em grupo). Geralmente você ganha um locker com chave para poder guardar seus pertences mais valiosos. Banheiros e chuveiros também são compartilhados, mas normalmente são bem limpinhos (aliás, dica bônus: limpeza em geral é uma das categorias mais importantes de se ler nas referências do hostel que você estiver reservando!). Alguns hostels dão roupa de cama “de verdade” para você fazer sua própria cama, enquanto outros oferecem apenas lençois descartaveis, que não são lá grande coisa (por isso eu sempre levo meu saco de dormir!). Raramente você irá encontrar toalhas, por isso leve a sua!
Apesar do esquema “acantonamento”, hostels são normalmente muito divertidos! A maioria oferece uma área comunitária onde você pode se encontrar com outros viajantes, trocar histórias, dicas, combinar de sair a noite para tomar uns drinks, ou fazer algo juntos no dia seguinte. As pessoas que frequentam hostels são normalmente muito abertas e a atmosfera é sempre alegre e bastante eclética. Eu já encontrei pessoas de todas as idades em hostels, desde adolescentes até idosos, o que importa é o espírito aventureiro que as pessoas trazem com elas mesmas! A maioria dos hostels oferece também uma área de cozinha onde você pode cozinhar sua própria comida, e muitas vezes aproveitar coisas que outros viajantes deixaram para trás (por exemplo, quase sempre você irá encontrar óleo, sal, geléias, pães e frutas em prateleiras para uso comunitário). Máquina de lavar roupa e secadora geralmente ficam disponíveis para aluguel, e claro, wi-fi grátis!
O site http://www.hostelworld.com/ é o meu site favorito para encontrar hostels em qualquer lugar do mundo, e eles oferecem bons preços!
4) Workaway
Ah, Workaway! Também um dos meus favoritos! Workaway é uma plataforma online que permite você trocar trabalho por comida e acomodação em qualquer lugar do mundo. Como funciona?
Parecido com Couchsurfing, existem os “Hosts” (os anfitriões), e os “Workawayers” (os voluntários). Os Hosts são pessoas normais que precisam de algum tipo de ajuda ou mão de obra, e oferecem comida e acomodação de graça em troca deste “trabalho” realizado pelo voluntário (você). Estes trabalhos nunca são trabalhos muito pesados, ao contrário, como você que escolhe o seu Host você pode escolher algo que você goste de fazer, e a regra é que o voluntário só pode trabalhar até 6 horas por dia, 5 dias por semana (apesar de a maioria não chegar nem perto disso). Trabalhos podem ser coisas como ajudar no jardim, cuidar das crianças, cuidar de um idoso, ajudar na fazenda, ajudar na construção ou renovação de uma casa/celeiro, cuidar dos cachorros/galinhas/cabras, ensinar inglês, entre muitos mais. Você encontra também hostels mais “caseiros” que precisam de ajuda em geral, ou ONGs que precisam de voluntários. Eu já fiz um workaway onde ajudei a montar o site de uma cantora Americana, e outro onde ajudei na horta e pomar de uma casa de campo. Já recebi pessoas também pelo Workaway: um Francês e duas Alemãs que me ajudaram na reforma da minha casa, e uma Colombiana que acabou passando o natal comigo e com minha família! Todos os trabalhos variam muito, mas o que quer que seja, você é sempre garantido comida e acomodação grátis. E o mais legal: não precisa de visto de trabalho.
Normalmente as pessoas tendem a ficar um pouco mais de tempo em um Host de Workaway, entre uma semanas e um mês. Voluntários são tratados não como “empregados”, mas como membros especiais da família. Você normalmente tem seu próprio quarto, come as refeições junto com a família, e tem muito tempo livre para passear aos arredores. Muitas vezes seus próprios Hosts irão te levar para passear junto com eles, ou te levar para lugares turísticos por perto. Workaway é ideal para quem quer viver um tempo inserido dentro da cultura do país, e conhecer um país ou uma região com calma. É uma oportunidade incrível de viajar sem gastar praticamente um centavo!
Este é o site do Workaway para se registrar como Host ou Voluntário: https://www.workaway.info/
Outro site legal é o HelpX (exatamente o mesmo esquema do workaway): https://www.helpx.net/
5) WWOOF
WWOOF (World Wide Opportunities on Organic Farms), também conhecido como WWOOFING, é um movimento global que envolve fazendas orgânicas ao redor do mundo. É muito parecido com Workaway, porém aqui o trabalho voluntário consiste somente em trabalhar em fazendas orgânicas. Isto envolve desde trabalhar na terra, até tirar leite das vacas e cuidar das galinhas, até produzir e empacotar os produtos que a fazenda distribui. Em troca, você recebe comida e hospedagem de graça, e a possibilidade de conhecer e fazer amizade com pessoas do mundo todo, já que normalmente você estará trabalhando junto com outros voluntários também. A comunidade WWOOF é uma comunidade muito aberta e bacana, e fazer WWOOF é uma das maneiras mais seguras de se viajar sozinho, além de também te dar a possibilidade de conhecer a fundo a cultura do país que você está visitando.
WWOOFERS (como são chamados os voluntários) tendem a ficar de uma semana a um mês na mesma fazenda. Porém, tecnicamente você pode ficar o tempo que quiser, conheço pessoas que passaram de 3 a 6 meses na mesma fazenda. Depende se você quer conhecer a fundo uma só região, ou ir “pulando” de fazenda em fazenda, conhecendo várias regiões do mesmo país, ou países diferentes, através do WWOOFING.
Esta é o site central do WWOOF: http://wwoof.net/, cada país tem um site independente, mas você consegue ver a lista de todos os países neste site.
6) Home Exchange (troca de casas)
Esta opção é para quem vai deixar a casa vazia quando for viajar. O Home Exchange (“troca de casas”) envolve literalmente uma troca de casas entre duas famílias. Você fica na casa deles, e eles ficam na sua. Plataformas online que facilitam esta troca exigem alguns níveis de segurança (como verificação de endereço e documentos) para que ambos os lados sintam-se seguros. Quando você encontra seu “par”, normalmente você troca alguns e-mails e skypes antes, para as famílias poderem se conhecer e sentir-se confortáveis em deixar sua casa nas mãos de um estranho. Contudo, pessoas que estão dispostas a oferecerem suas casas a estranhos são normalmente pessoas de mente aberta e que pensam igual, então as chances de dar algo errado são pouquíssimas! Esta é uma ótima opção também para quem tem pets em casa e precisa de alguém para cuidar deles enquanto for viajar (isso quer dizer que talvez você também tenha que cuidar dos pets da outra família!)
O bom do Home Exchange é que você tem todo o conforto de uma casa só para você, sem pagar nada por isso! Você pode escolher entre casas na cidade, no campo, na praia, onde quer que você queira passar as férias com sua família! O período de tempo varia em média de uma semana a um mês, mas depende do acordo que você fizer e quanto tempo a casa for ficar vazia. Uma vez fiz um Home Exchange de uma semana na Riviera Francesa, em um apartamento maravilhoso, enquanto minha casa no interior da Inglaterra foi ocupada pelos Franceses donos deste apartamento! Agora imagine você passar o verão em uma casa nas Ilhas Gregas sem ter que pagar pela estadia!?
O site https://www.homeexchange.com/ é uma ótima plataforma para tais trocas!
7) House Sitting
House Sitting (na tradução para o português ficaria algo como “babá de casas”), é muito parecido com Home Exchange, mas você não dá a sua casa em troca. Você simplesmente se “voluntaria” para cuidar da casa de alguém enquanto esta pessoa estiver viajando. Isso inclui às vezes cuidar do jardim, cortar a grama, cuidar dos cachorros, não deixar acumular pó na casa, ou qualquer outra coisa que o dono da casa peça para você fazer para deixar a casa em ordem enquanto ele está fora. Porém, as tarefas normalmente não requerem nada mais do que 3 horas por dia, o que te deixa livre para passear, conhecer a região do país que você está, relaxar, escrever um livro, o que quer que seja que você gostaria de fazer, tudo sem ter que pagar um centavo pela hospedagem! Estes acordos podem durar de uma semana até vários meses, dependendo de quanto tempo o dono da casa for ficar fora!
Existem duas plataformas que facilitam este tipo de troca:
Além dessas duas, quer oferecem casas “comuns” para você ficar e cuidar, tem também o “Luxury House Sitting”, onde você encontra somente casas de luxo para você ficar (isso mesmo, você pode ficar hospedado em uma mansão em qualquer lugar do mundo totalmente de graça!) Esta é a plataforma para isso:
http://www.luxuryhousesitting.com/
8) Monastérios
Por fim, existe sempre a opção de se ficar hospedado em um monastério! Monastérios não existem somente na Ásia, eles estão em todos os lugares, e muitos oferecem estadia por um preço relativamente baixo (em torno de R$90 a R$150 por noite), apesar de alguns terem a opção de você fazer uma doação de um valor da sua escolha. Talvez você até encontre um ou outro que seja totalmente de graça! Monastérios oferecem na maior parte uma acomodação bem simples, e alguns impõe algumas regras (toque de recolher às 22h, participar das orações, jantar junto com os monges, etc). Porém ficar hospedado em um monastério pode ser uma experiência interessante e única, e uma boa oportunidade para ter contato com pessoas locais, e aprender um pouco sobre a vida que os monges levam!
Você pode entrar em contato com monatérios locais através de uma rápida pesquisa no Google, perguntando se eles aceitam hóspedes, ou dar uma olhada em https://www.monasterystays.com/, eles dão várias opções de monastérios principalmente na Europa!
Saia da mentalidade de hotel! Como você pode ver existem muitas opções para ficar hospedado de graça ou pagando muito pouco, maneiras que são ainda mais interessantes e que vão acrescentar ainda mais à sua viagem! Não deixe que o dinheiro da hospedagem seja um obstáculo para você fazer a viagem dos seus sonhos!